Indicação: Nunca deixe de passar uma mensagem
Certo dia, uma folha de papel que estava em cima de uma mesa, junto com outras folhas exatamente iguais a ela, viu-se coberta de sinais. Uma pena, molhada de tinta preta, havia escrito uma porção de palavras em toda a folha.
— Será que você não podia ter me poupado desta humilhação? – disse a folha de papel, furiosa, para a tinta.
— Espere!, respondeu a tinta. Eu não estraguei você. Eu cobri você de palavras. Agora você não é mais uma folha de papel, mas sim uma mensagem. Você é a guardiã do pensamento humano. Você se transformou num documento precioso.
Pouco depois, alguém foi arrumar a mesa e apanhou as folhas de papel para jogá-las na lareira. Subitamente, reparou na folha escrita com tinta. Então, jogou fora todas as outras, e guardou apenas a que continha uma mensagem escrita.
Leonardo da Vinci
Só mais um passo
Saint-Exupéry Indicação: Pessoas com Depressão Ansiosa
Guillormée pilotava sobre a cordilheira quando seu pequeno monomotor sofreu uma pane, caindo sobre a montanha de neves eternas. Embora não tivesse se ferido gravemente, suas pernas apresentaram profundos cortes e sérios ferimentos. Com muito esforço, sentindo fortes dores, ele abandonou a cabine do avião destroçado. Ao constatar a extensão dos ferimentos, compreendeu que não teria como sair dali sozinho. Perscrutou o horizonte em todas as direções e só viu solidão gelada.
Conhecedor da região, após rápida análise, entendeu que seu fim estava próximo, principalmente em razão dos sérios ferimentos que sofrera nas pernas. Por um instante sentiu-se tomado de pânico e pela dor de saber que chegava ao fim de seus dias. Pensou na família que não tornaria a ver, nos amigos, nas tantas coisas que ainda pretendia realizar e na impotência de não ter a quem pedir socorro.
Depois, já mais conformado, pôs-se a pensar sobre as medidas a tomar. Não havia nada a fazer no sentido de sobrevivência, portanto o mais sensato seria deitar-se na neve e esperar que o torpor causado pelo frio tomasse conta de seu corpo, permitindo-lhe ser envolvido, sem dor, pelo manto da morte.
Deitado sobre a neve, Guillormée dirigiu o pensamento a seus filhos, que ele não veria crescer e à esposa, de quem tanto gostava. Aquele homem de espírito forte, batalhador, lutava consigo mesmo para resignar-se à situação.
“Meu consolo – pensava ele – é saber que eles não ficarão desamparados; meu seguro de vida tem cobertura suficiente para proporcionar-lhes subsistência por muito tempo. Menos mal! Felizmente tive o bom senso de estar preparado para uma situação destas; tão logo seja liberado meu atestado de óbito, a companhia de seguros…”.
Neste instante, Guillormée teve um sobressalto; sua apólice rezava que o seguro só seria pago mediante a apresentação do atestado de óbito. Ora, naquele lugar inacessível, seu corpo jamais seria encontrado; ele seria dado por desaparecido. Não haveria, pois, atestado de óbito. Passar-se-iam anos de privações para sua família, antes que ele fosse oficialmente considerado morto. Apavorado com essa idéia, ele pensou: “A primeira tempestade de neve que cair soterrará meu corpo; nunca irão me achar. Preciso caminhar até um lugar onde meu corpo possa ser encontrado”.
As dores que sentia eram cruciantes, mas sua determinação era maior. Ele sabia que, ao pé da cordilheira, havia um povoado cujos moradores costumavam aventurar-se até certa altura da montanha, para caçar. A distância era longa – vários quilômetros -, mas ele precisava realizar a última proeza de sua vida: chegar até onde seu corpo pudesse ser encontrado por um caçador. Reunindo todas as forças que ainda lhe restavam, obrigou-se a ficar em pé. Foi preciso um esforço hercúleo para não cair.
Consciente da distância que teria de percorrer e sabedor de que não podia permanecer naquele local, apesar de seu estado lastimável, Guillormée estabeleceu a meta de dar um passo. Jogou um passo a frente e disse: “Só um passo!”. Com extrema dificuldade empurrava a outra perna e repetiu: “Só mais um passo!”, e de novo: “Só mais um passo!”.
Concentrando toda a sua energia apenas no próximo passo e estabelecendo um forte condicionamento positivo – através do comando “só mais um passo” ele caminhou quilômetros pela neve. Não se permitia pensar na distância que ainda faltava percorrer, ou em sua dificuldade para se locomover; concentrava-se apenas no espaço a ser vencido pelo passo seguinte. Assim caminhou o dia todo.
A tarde já ia avançada quando seus olhos, turvos pela dor e pelo cansaço, vislumbraram alguns vultos à sua frente; firmou o olhar e percebeu que se tratava de pessoas que olhavam estupefatas, para ele. “Agora eu já posso morrer”, pensou, e deixou-se escorregar para o nada.
Dias depois, já no hospital, abriu os olhos e a primeira imagem que viu foi a da esposa, a seu lado.
Guillormée teve alguns dedos de um dos pés amputados, que foram congelados pela neve. Passou algum tempo hospitalizado, até readquirir forças, mas continuou vivo ainda por muito tempo.
Ao narrar esse episódio acontecido com seu amigo, Saint-Exupéry relata a determinação desse homem valente e ressalta o fato de que foi a fixação da meta em curtíssimo prazo (“só mais um passo”) que lhe proporcionou força e ânimo bastante para vencer a dura prova pela qual passava. Tivesse ele pensado na enorme distância a ser percorrida, na situação física precária em que se encontrava, e muito provavelmente não teria encontrado forças para alcançar o objetivo a que se determinou no alto da montanha.
Esse exemplo deixa bem clara a importância da estipulação de metas bem definidas; em curto prazo (só mais um passo); em médio prazo (chegar ao pé da montanha); em longo prazo (ter seu corpo localizado), para a realização de qualquer objetivo proposto.
Se uma emergência obrigá-lo a fazer mudanças nos planos, os ajustes também poderão ser feitos com pequenos passos complementares. Mas para tanto é necessário saber para onde você quer ir. A primeira condição para se realizar alguma coisa, é não querer fazer tudo ao mesmo tempo.
O Fogo e a Água
Indicação: Pessoas Autoritárias
No século IV A.C., escondido nos limites da província de Lu, estendia-se o distrito governado pelo duque Chuang. Embora pequeno, o distrito havia prosperado bastante na gestão anterior à do duque. Mas, desde que Chuang assumiu o governo, os negócios tinham-se deteriorado. Confuso, o duque se dirigiu à montanha de Han para receber um pouco da sabedoria do grande mestre Mu-sun.
Ao chegar à montanha, encontrou o mestre sentado calmamente sobre uma pequena pedra, a contemplar o vale. Depois de lhe explicar a situação, Chuang esperou, com ansiedade, que o mestre falasse. Mu-sun, porém não disse uma só palavra. Deu apenas um pequeno sorriso e com um gesto convidou o duque a acompanha-lo.
Silenciosamente, eles caminharam até que o Rio Tan Fu lhes molhasse os pés. A outra margem não podia ser vista, tão largo ele era. Depois de meditar olhando as águas, Mu-sun preparou uma fogueira. Quando as labaredas já subiam altas, o mestre fez com que Chuang se sentasse a seu lado. Ficaram ali sentados por longas horas, enquanto o fogo queimava brilhante. A noite veio e se foi. Quando a aurora chegou, as chamas já não dançavam mais. Mu-sun apontou então para o rio e, pela primeira vez desde que o duque chegara, falou: “Agora você entende porque é incapaz de fazer como seu predecessor fez para sustentar a grandeza de seu distrito.?”
Chuang olhou-o perplexo. Ele sabia agora tão pouco quanto antes. Sentiu-se envergonhado. “Grande mestre”, ele disse, “ desculpe minha ignorância, mas não consigo alcançar sua sabedoria”. Mu-sun, então, falou pela segunda vez: “Reflita, Chuang, sobre a natureza do fogo que queimava à nossa frente. Era forte e poderoso. Suas chamas subiam, dançavam e choravam como se vangloriassem de algo. Nenhuma grande árvore ou animal poderia igualar-se em força. Com facilidade, poderia ter conquistado tudo ao seu redor”.
“Em contraste, Chuang, considere o rio. Começou como um pequeno fio nas montanhas distantes. Às vezes rola macio, às vezes rápido, mas sempre navega para baixo, tomando as terras baixas como seu curso. Contorna qualquer obstáculo e abraça qualquer fenda, tão humilde é sua natureza. A água dificilmente pode ser ouvida. Quando a tocamos, percebemos que ela dificilmente pode ser sentida, tão gentil é sua natureza”.
“ E no final o que sobrou daquilo que foi o fogo poderoso? Somente um punhado de cinzas, por ser tão forte, Chuang, ele destrói tudo à sua volta, mas também se torna vitima. Ele se consome com sua própria força. O rio, não. Ele é calmo e quieto. Assim, ele vai rolando, crescendo, ramificando-se, tornando-se mais poderoso a cada dia em sua jornada em direção ao imenso oceano. Ele provê a vida e sustenta a todos”.
Depois de um momento de silêncio, Mu-sun voltou-se para o duque. “Da mesma maneira como na natureza, isso ocorre com os administradores. Há aqueles que são como fogo, poderosos e autoritários. Há também os que são
humildes como a água, donos de uma força interior de grande alcance e capazes de capturar o coração das pessoas. Aqueles não constroem. Estes trazem uma primavera de prosperidade para suas províncias.” E continuou o mestre: “Reflita, Chuang, sobre o tipo de administrador que você é. Talvez a resposta para seus problemas esteja ai”. Como um feixe de luz, a verdade se acendeu no coração do duque. Chuang ergueu os olhos. Tendo deixado seu orgulho de lado, ele agora só via o nascer do sol, do outro lado do rio.
Sapo Escaldado
Indicação: Pessoas Resistentes a Mudanças
“Se você colocar um sapo em uma panela de água fervendo, ele tentará pular para fora da panela imediatamente. Mas, se colocar o sapo em uma panela com água e temperatura ambiente, sem assustá-lo, ele ficará dentro da panela. Agora, se colocar a panela no fogo e aumentar gradativamente a temperatura, acontecerá uma coisa bastante interessante. Quando a temperatura aumentar de 20 para 30 graus, o sapo não se mexerá. Na verdade, dará sinais de que esta gostando.
Porém, à medida que a temperatura for aumentando gradativamente, o sapo ficará cada vez mais tonto, até que não será mais capaz de sair da panela. Embora nada o impeça de pular, ele continuará na panela, até ser escaldado. Por quê?
Porque, nos sapos, o mecanismo interno que detecta as ameaças à sobrevivência é regulado para identificar mudanças súbitas do meio ambiente, e não mudanças lentas e graduais.”
Peter Senge – A Quinta Disciplina.
A Estrela
Indicação: Missão existencial
Era uma vez um escritor, um homem muito sábio. Todos os dias ele caminhava pela praia, a busca de quietude e inspiração.
Um dia, de longe, avistou um vulto que parecia dançar. Curiosos, apertou o passo para chegar mais perto. Percebeu que ali se encontrava um jovem, que abaixava, pegava algo na areia e fazia um movimento com as mãos em direção ao mar. O homem esboçou um sorriso, se aproximou e perguntou:
– “ O que está fazendo, meu jovem?”
– “Jogando estrelas na água do oceano… o sol está a pino, e se não fizer isso, elas morrerão.”
– “Isso não faz diferença… á milhões de estrelas, milhões de praias”… E continuou sua dança, acrescentando:
-“Faz diferença PARA ESSAS AI”…
O poeta ficou confuso. A visão do jovem lhe perseguia. Tentou ignorar as imagens… Estrelas na areia… Mar… Estrelas de volta ao mar.. a dança do jovem, numa cadência suave e persistente… Quanto mais tentava ignorá-las, mais elas persistiam…
Até que o poeta percebeu que aquele rapaz fazia a opção por AGIR no universo e construir com ALGUMA diferença, envergonhado e inquieto pelo contraste de se colocar no mundo somente como OBSERVADOR. A noite veio, e o poeta, inspirado pelas estrelas do céu, rascunhou algumas linhas sobre sua recente experiência.
Ao raiar do dia, se dirigiu à praia, coração batendo forte, ansioso por se juntar ao jovem… Quando o encontrou, apenas se colocou a seu lado, e iniciou silenciosamente a sua dança.
Autor: Ailer
Reescrita e Contribuição: Cecília Caram.
Não vá pelas aparências
Indicação: Como criar vínculos
Num reino antigo havia um príncipe, filho único do rei, que de repente enlouqueceu. Ele arrancou suas roupas, ficou nu, entrou debaixo da mesa e começou a cocoricar como um galo. Ele pensava que era um galo.
O rei ficou desesperado, chamou todos os médicos, mágicos e fazedores de milagre para tentarem curar o príncipe, mas de nada adiantou. O rei começou a aceitar o fato de que seu filho tinha ficado louco para o resto da vida.
Um dia, entretanto, um sábio chegou ao palácio e disse que podia curar o príncipe. O rei ficou muito desconfiado porque o homem parecia também um maluco, mais maluco ainda do que o príncipe. O sábio disse:
– “Somente eu posso curar seu filho, porque só um louco maior pode curar outro louco. Os seus médicos, mágicos e fazedores de milagres falharam porque eles não conheciam a loucura”.
O rei achou o argumento lógico e como o caso parecia sem jeito, resolveu experimentar.
Assim que o sábio tirou suas roupas, entrou debaixo da mesa com o príncipe e começou a cocoricar como um galo, o príncipe tomou posição de defesa:
– “Quem é você? O que pensa que está fazendo”?
O homem disse:
– “Eu sou um galo, um galo mais experiente do que você. Você é apenas um aprendiz de galo”.
O príncipe aceitou:
– “Se você também é um galo, está bem. Mas você parece um ser humano”.
– “Não vá pelas aparências”, respondeu o sábio, “veja meu espírito, a minha alma. Eu sou um galo tanto quanto você”.
Os dois ficaram amigos. Prometeram longa amizade e juraram que lutariam juntos contra o mundo.
Passaram-se uns dias. O sábio começou a se vestir.
O príncipe replicou:
– “O que você está fazendo? Você ficou maluco? Um galo usando roupa de gente”!
O homem respondeu:
– “Estou apenas procurando enganar aqueles tolos seres humanos. Lembre-se de que, mesmo vestido, nada mudou em mim. Sou um galináceo e ninguém pode mudar isso. Só porque estou vestido, você acha que me tornei um ser humano”?
O príncipe aceitou a explicação. Dias mais tarde o sábio persuadiu-o de que se vestisse, porque o inverno estava chegando.
Um dia, de repente, o sábio pediu comida do palácio. O jovem ficou atento e desconfiado gritando:
– “Que é que você está fazendo? Você vai come como um ser humano qualquer. Nós somos galos e comemos como galos”.
O homem respondeu calmamente:
– “Você pode comer qualquer coisa e aproveitar qualquer coisa. No que se refere ao meu galo, não faz a menor diferença. Você pode viver como um ser humano e continuar sendo um galináceo. Não vá pelas aparências”.
Dessa maneira, o sábio, aos poucos, foi persuadindo o príncipe a voltar ao mundo da realidade, até que foi considerado normal.
Recolhido por Zélia Nascimento
Contribuição: Cecília Caram
O homem que teve que cuidar da casa
Indicação: Questionando o papel masculino
Era uma vez um homem muito rabugento e mal-humorado, que nunca achava certo nada que a mulher fizesse em casa. Uma tarde, na época de secar o feno, ele chegou em casa reclamando que o jantar não estava pronto, o bebê estava chorando e a vaca não tinha sido recolhida ao estábulo.
-“Eu trabalho o dia inteiro”, ele resmungou. “Você fica só cuidando da casa. Bem que eu queria essa moleza para mim. Eu ia aprontar o jantar na hora , palavra.”
-“Amorzinho querido, não fique zangado”, disse a mulher. “Amanhã vamos trocar nossos trabalhos. Eu saio com os ceifeiros, corto feno, e você fica aqui, cuidando da casa.”
O marido achou que daria certíssimo.
– “É, eu ganho um dia livre”, ele disse, “faço todos os seus afazeres em uma hora ou duas e durmo o resto da tarde inteira.”
Assim, na manhã seguinte, bem cedo, a mulher pendurou a foice no ombro e partiu com os ceifeiros. O marido ficou incumbido de fazer todo o trabalho doméstico.
Em primeiro lugar, lavou umas roupas e começou a bater a manteiga. Mas depois de bater um pouquinho, lembrou que tinha que pendurar as roupas para secar. Saiu para o quintal e mal tinha acabado de estender suas camisas quando viu o porco correndo para dentro da cozinha.
Voou para a cozinha para tratar do porco, temendo que estragasse a manteiga. Mas logo que entrou, viu o porco derrubando a batedeira. Lá estava ele, grunhindo e chafurdando o creme, que escorria pelo chão da cozinha inteira. O homem ficou tão louco da vida que esqueceu das camisas no varal e partiu para cima do porco.
Conseguiu agarra-lo, mas o porco estava tão lambuzado de manteiga, que lhe escapuliu dos braços e saiu porta afora. O homem correu para o quintal, decidido a pegar o porco de qualquer jeito, mas estacou apavorado quando viu o bode, parado bem debaixo do varal e mascando as camisas. Então o homem espantou o bode, trancou o porco e tirou do varal o que sobrara das camisas.
Em seguida foi à leiteira, pegou creme bastante para encher de novo a batedeira e recomeçou a bater, pois tinham que ter manteiga para o jantar.
Quando já tinha batido um pouco, lembrou que a vaca ainda estava fechada no estábulo sem ter comido nem bebido nada a manhã toda; e o sol já estava alto.
Matutando que o pasto ficava muito longe para levar a vaca até lá. Decidiu coloca-la em cima da casa, pois o telhado, como se sabe, era coberto de capim. A casa ficava perto de um morro íngreme e ele achou que, estendendo uma tábua larga da lateral do morro até o telhado, levaria facilmente a vaca para cima.
Mas não podia abandonar a batedeira, pois lá vinha o bebê engatinhando pela casa.
– “Se eu deixar a batedeira”, ele pensou, “a criança com certeza vai estragar tudo”.
Assim, ajeitou a batedeira às costas e saiu carregando-a. Ai, pensou que era melhor dar água à vaca antes de leva-la para o telhado e pegou o balde para tirar água do poço. Porém, quando se debruçou na borda do poço, o creme escorreu para fora da batedeira, por cima dos ombros, pelas costas e caiu todo no poço.
Agora já estava quase na hora do jantar e ele nem ao menos tinha feito a manteiga! Então, logo que colocou a vaca no telhado, achou melhor ferver o mingau. Encheu o caldeirão de água e pendurou-o sobre o fogo.
Quando acabou, imaginou que a vaca pudesse cair do telhado e quebrar o pescoço. Então subiu na casa para prende-la. Amarrou uma ponta da corda no pescoço da vaca e a outra ele passou pelo buraco da chaminé. Voltou para dentro da casa e amarrou a ponta da corda na cintura. Tinha que se apressar, pois a água começava a ferver no caldeirão e ele tinha que moer a aveia.
Começou a moer bem rápido! Mas quando estava bem empenhado, a vaca acabou caindo do telhado e na queda arrastou o homem pela chaminé, suspenso pela corda! Ele ficou entalado, bem apertado. E a vaca ficou balançando ao lado da casa, entre o céu e a terra, sem conseguir nem subir nem descer.
Enquanto isso a mulher lá no campo, estava esperando o marido chama-la para jantar. Por fim, achou que já tinha esperado demais e foi para casa.
Quando chegou e viu a vaca pendurada tão insolitamente, correu para cima e cortou a corda com a foice. Mas logo que cortou, o marido despencou da chaminé!
– “Que bom que você voltou”, disse, depois que ela o pescou. “Preciso lhe dizer uma coisa.”
Então ele pediu desculpas, beijou-a e nunca mais reclamou de nada.
Lenda escandinava contada em “O livro das Virtudes” Uma antologia de William J. Bennett.
Contribuição: Cecília Caram
A Lagosta
Não somos diferentes de um crustáceo particularmente duro. A lagosta cresce formando e largando uma série de cascas duras, protetoras. Cada vez que ela se expande, de dentro para fora, a casca confinante tem de ser mudada. A lagosta fica exposta e vulnerável até que, com o tempo, um novo revestimento vem substituir o antigo.
A cada passagem de um estágio de crescimento humano para outro, também temos de mudar uma estrutura de proteção. Ficamos expostos e vulneráveis, mas também efervescentes e embriônicos novamente, capazes de nos estendermos de modo antes ignorado.
Essas mudanças de pele podem durar vários anos; entretanto, se sairmos, de cada uma dessas passagens, entramos num período prolongado e mais estável, no qual podemos esperar relativa tranquilidade e uma sensação e reconquista de equilíbrio.
Citado em “Passagens”, de Gail Sheehy
Contribuição: Cecília Caram
Lago congelado
Indicação: Estimular pessoas com pensamentos negativos, auto-limitantes.
Conta a lenda que estavam duas crianças patinando despreocupadamente em cima de um lago congelado. De repente, o gelo se quebrou e uma das crianças caiu na água.
A outra criança vendo que seu amiguinho se afogava debaixo do gelo, pegou uma pedra e começou a golpear com todas as suas forças, conseguindo quebrá-lo e salvar seu amigo.
Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino:
Como você fez? É impossível que você tenha quebrado o gelo com essa pedra e suas mãos tão pequenas!
Nesse instante apareceu um ancião e disse:
– Eu sei como ele conseguiu.
Todos perguntaram:
Como?
O ancião respondeu:
– É que não tinha ninguém ao seu redor para lhe dizer que não poderia ser feito!!!
“Se você consegue imaginar, pode conseguir.”
Autor: Albert Einstein
O Pote Rachado
Indicação: Estimular a percepção de que os defeito podem ser úteis quando bem trabalhados.
Um carregador de água na Índia levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara a qual ele carregava atravessada em seu pescoço.
Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço e a casa do chefe.
O pote rachado chegava apenas pela metade.
Foi assim por dois anos, diariamente, o carregador entregando um pote e meio de água na casa de seu chefe.
Claro, o pote perfeito estava orgulhoso de suas realizações.
Porém, o pote rachado estava envergonhado de sua imperfeição, e sentindo-se miserável por ser capaz de realizar apenas a metade do que havia sido designado a fazer.
Após perceber que por dois anos havia sido uma falha amarga, o pote falou para o homem um dia, à beira do poço:
– Estou envergonhado, quero pedir-lhe desculpas.
– Por quê?, perguntou o homem. – De que você está envergonhado?
– Nesses dois anos eu fui capaz de entregar apenas metade da minha carga, porque essa rachadura no meu lado faz com que a água vaze por todo o caminho da casa de seu senhor. Por causa do meu defeito, você tem que fazer todo esse trabalho, e não ganha o salário completo dos seus esforços, disse o pote.
O homem ficou triste pela situação do velho pote, e com compaixão falou:
– Quando retornarmos para a casa do meu senhor, quero que percebas as flores ao longo do caminho.
De fato, à medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou flores selvagens ao lado do caminho, e isto lhe deu ânimo.
Mas ao fim da estrada, o pote ainda se sentia mal porque tinha vazado a metade, e de novo pediu desculpas ao homem por sua falha.
Disse o homem ao pote:
– Você notou que pelo caminho só havia flores no seu lado do caminho??? Notou ainda que a cada dia enquanto voltávamos do poço, você as regava??? Por dois anos eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu senhor. Sem você ser do jeito que você é, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa.
Cada um de nós temos nossos próprios e únicos defeitos.
Todos nós somos potes rachados.
Porém, se permitirmos, o Senhor vai usar nossos defeitos para embelezar a mesa de Seu Pai.
Na grandiosa economia de Deus, nada se perde.
Nunca deveríamos ter medo dos nossos defeitos.
Basta reconhecermos nossos defeitos e eles com certeza embelezarão a mesa de alguém.
Das nossas fraquezas, devemos tirar nossa maior força…