O Porco e o Cavalo

Um fazendeiro colecionava cavalos e só faltava uma determinada raça.
Um dia ele descobriu que o seu vizinho tinha este determinado cavalo.
Assim, ele atazanou seu vizinho até conseguir comprá-lo.
Um mês depois o cavalo adoeceu, e ele chamou o veterinário :
– Bem, seu cavalo está com uma virose, é preciso tomar este medicamento durante 3 dias, no terceiro dia eu retornarei e caso ele não esteja melhor, será necessário sacrificá-lo.
Neste momento, o porco escutava toda a conversa.
No dia seguinte deram o medicamento e foram embora.
O porco se aproximou do cavalo e disse :
– Força amigo ! Levanta daí, senão você será sacrificado !
No segundo dia, deram o medicamento e foram embora.
O porco se aproximou do cavalo e disse :
– Vamos lá amigão, levanta senão você vai morrer ! Vamos lá, eu te ajudo a levantar… Upa !
No terceiro dia deram o medicamento e o veterinário disse :
– Infelizmente, vamos ter que sacrificá-lo amanhã, pois a virose pode contaminar os outros cavalos.
Quando foram embora, o porco se aproximou do cavalo e disse :
– Cara, é agora ou nunca, levanta logo ! Coragem ! Upa ! Upa ! Isso, devagar ! Ótimo, vamos, um, dois, três, legal, legal, agora mais depressa vai… Fantástico ! Corre, corre mais ! Upa ! Upa ! Upa !!!
Você venceu, Campeão !
Então, de repente o dono chegou, viu o cavalo correndo no campo e gritou:
– Milagre ! O cavalo melhorou. Isso merece uma festa… “Vamos matar o porco !”

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Isso acontece com frequência no ambiente de trabalho.
Ninguém percebe, quem é o funcionário que tem o mérito pelo sucesso.
Saber viver sem ser reconhecido é uma arte.
Se algum dia alguém lhe disser que seu trabalho não é o de um profissional, lembre-se :
Amadores construíram a Arca de Noé e profissionais, o Titanic.
Procure ser uma pessoa de valor, em vez de ser uma pessoa de sucesso.

Os Diamantes que Jogamos Fora!

Certa vez, um homem caminhava pela praia numa noite de lua cheia.
Pensava desta forma:

  • Se tivesse um carro novo, seria feliz;
  • Se tivesse uma casa grande, seria feliz;
  • Se tivesse um excelente trabalho, seria feliz;
  • Se tivesse uma parceira perfeita, seria feliz, quando tropeçou com uma sacolinha cheia de pedras.
    Ele começou a jogar as pedrinhas uma a uma no mar cada vez que dizia:
  • Seria feliz se tivesse… ”
    Assim o fez até que somente ficou com uma pedrinha na sacolinha,que decidiu guardá-Ia.
    Ao chegar em casa percebeu que aquela pedrinha tratava-se de um diamante muito valioso.
    Você imagina quantos diamantes ele jogou ao mar sem parar para pensar?
    Cada pedrinha deve ser observada – pode ser um diamante valioso.

“Bom Dia!” “Até amanhã!”

“Um homem trabalhava num frigorífico. Um dia, quando terminou o seu horário de trabalho, foi a uma das câmaras frigoríficas para fazer uma inspeção de última hora, mas por uma fatalidade, a porta fechou-se e ele ficou trancado. Ainda que tenha gritado e batido na porta com todas as suas forças, ninguém o ouviu. A maioria dos funcionários já tinha ido embora e era impossível ouvir os gritos vindos de dentro da câmara.

Algumas horas mais tarde, quando o homem já estava à beira da morte, alguém abriu a porta. Era o segurança que lhe salvou a vida.

Após recuperar-se, o homem perguntou ao segurança como foi possível ele passar e abrir a porta, quando isso não fazia parte da rotina do seu trabalho. O segurança explicou: “Eu trabalho nesta empresa há trinta e cinco anos”. “Centenas de trabalhadores entram e saem todos os dias, mas você é o único que me cumprimenta pela manhã e se despede de mim à tarde”. Os outros tratam-me como se eu fosse invisível. Hoje, como todos os dias, você me disse “OLÁ” na entrada, mas não ouvi o seu ‘ATÉ AMANHÔ. Espero o seu “olá” e o seu “até amanhã” todos os dias. Para você eu sou alguém… Ao não ouvir a sua despedida, sabia que algo podia ter acontecido…”

Pensamentos geram realidades…

Desculpas, historinhas, verdades, brincadeirinhas… qual nome você dá para as justificativas que você mantém vivas, evitando que você seja aquela pessoa de sucesso que tanto sonhou?

Autorresponsabilidade é a crença que você é o único responsável pela vida que tem levado, seja isso doloroso ou gratificante. É assumir a responsabilidade pelas atitudes que te trouxeram até aqui, e pelas que vão te levar a patamares ainda maiores. É entender que só você pode mudar as circunstâncias atuais:

  • responsabilizando-se pelas tuas escolhas, pois elas determinam os teus caminhos;
  • responsabilizando-se pelas tuas atitudes, pois elas trarão consequências;
  • responsabilizando-se pelos teus sentimentos e pensamentos, pois eles estruturam as tuas crenças e realizações.

No livro O Poder da Ação, o Paulo Vieira fala sobre as 6 leis para a conquista da autorresponsabilidade:

1) Se for criticar as pessoas, cale-se

Quando paramos de criticar, nosso foco passa a ser a solução e não o problema. O que você ganha criticando os outros? Se receber uma crítica, devolva um elogio. Quando você rebate uma crítica com outra, alimenta o sentimento ruim da crítica, levando à um loop negativo.

2) Se for reclamar das circunstâncias, dê sugestão

A característica mais forte e perigosa da reclamação é a fuga da autorresponsabilidade. Não reclamar é diferente de calar diante de um erro. Um erro deve ser corrigido com a seguinte mentalidade: como nós podemos fazer para focar na solução?

3) Se for buscar culpados, busque a solução

Enquanto você não abolir as justificativas e desculpas intelectuais da sua vida, nada vai mudar.

Note que Responsabilidade é DIFERENTE de CULPA.

A culpa é um sentimento daninho que rouba o sorriso, a paz e a segurança em si mesmo e não permite avançar.

Novamente, foco na solução com por proatividade através de perguntas corretas, como: o que posso fazer para melhorar esta situação? Quais as melhores atitudes para mudar esta situação? O que não devo fazer nesta situação?

4) Se for se fazer de vítima, faça-se de vencedor

Não se coloque em situações de sofrimento e inferioridade. No livro Emoções Tóxicas, Bernardo Stamateas fala sobre o quanto a vitimização tem origem em vícios emocionais de atenção trazidos da infância, como: “quando fico doente, sou amado, amparado e recebo mais atenção, e quando estou bem, não tenho todo esse amor”. Isso acaba gerando um vicio emocional de vítima, esperando pela próxima oportunidade de receber amparo, atenção e amor.

Essa é sem dúvida a maior praga da humanidade, o coitadismo, a mania de vitimização, que é um hábito auto destrutivo, porque além de ser um rápido caminho para o fracasso, isola o coitadinho em suas lamentações, uma vez que, ninguém gosta de ficar perto do derrotista que apresenta uma péssima energia.

O coitado, a vítima, só repele o sucesso, a prosperidade e a abundância. O vitorioso atrai na mesma velocidade e direção.

5) Se for justificar seus erros, aprenda com eles

Sem o processo de reconhecimento dos erros, não há como conquistarmos mais.

Não existem erros, apenas resultados. ~Paulo Vieira

Jamais justifique um erro, mas busque sempre aprender com ele. Querer nunca errar é uma insanidade, pois errar é uma consequência do viver, da liberdade existencial, das escolhas, assim, o importante é aceitar o erro não se auto condenar, mas aprender com cada erro, e não repetí-lo. Diz-se que as pessoas bem sucedidas só o são por que já erraram muito – e aprenderam com os erros.

6) Se for julgar alguém, julgue as atitudes dessa pessoa.

Quando julgamos a pessoa, criamos barreiras entre nós e ela.

Exemplo:
Maria é desastrada. -> julgando a pessoa
Maria causou um desastre na cozinha -> julgando a atitude

Imagine-se no lugar de uma pessoa que está sendo julgada. É verdade que Maria é sempre 100% um desastre? Não. Agora, dada a circunstância, é possível que ela tenha causado um deastre na cozinha? Sim, é um fato provável.

“Uma pessoa de autorresponsável sucesso, identifica, por ação ou omissão, entende, aprende e toma uma ou mais decisões que promovem mudanças na vida dela.” ~André Minucci

Conceito 10×90:
Existem pelo menos 10% de coisas que não dependem de nós. Para as outras 90%, é a maneira como vamos responder, fazer e agir, que vai dizer qual vai ser o nosso resultado frente à situação.

Cão e Lebre – Educação

Síndrome de Gabriela – Liderança

O legislador grego Licurgo foi convidado a ministrar uma palestra sobre Educação. Ao aceitar o convite, pediu o prazo de seis meses para preparar-se. O fato causou certa estranheza, já que Licurgo era uma referência no tema, e teoricamente não precisaria de tanto tempo para preparar-se.

Passados os seis meses, Licurgo compareceu à assembleia, ocupou a tribuna e chamou duas outras pessoas, cada uma carregando duas gaiolas com duas lebres e dois cães. Em seguida, abriu-se a porta de uma das gaiolas e a pequena lebre saiu correndo com medo. A seguir outra gaiola foi aberta, o cão saiu em disparada, alcançou a lebre e trucidou-a rapidamente.

Todos ficaram chocados com a cena e não conseguiam entender o que Licurgo queria provar com tal agressão. Mas sem abalar-se, Licurgo sinalizou para que a outra lebre fosse libertada, e a seguir, o outro cão.

O povo mal continha a respiração. Os mais sensíveis levaram as mãos aos olhos para não ver a reprise da morte bárbara do indefeso animalzinho que corria e saltava pelo palco. Foi quando o cão investiu contra a lebre, bateu-lhe com a pata e ela caiu. Logo a lebre ergueu-se, os dois começaram a brincar e, para surpresa de todos, assim seguiram enquanto Licurgo comentava:

– Senhores, vocês acabam de presenciar uma demonstração do poder da educação. Ambas as lebres são filhas da mesma matriz, e receberam os mesmos cuidados. Assim também os cães. A diferença entre os primeiros e os segundos é, simplesmente, a educação, a maneira como foram criados, portanto, se existe algo que pode transformar o mundo em um lugar melhor, esse “algo” é a educação. Eduquemos nossos filhos, esclareçamos sua inteligência, mas, antes de tudo, falemos aos seus corações, lembrando-os que a sabedoria consiste em nos tornarmos melhores a cada dia.

Creio que a maioria das pessoas já ouviu falar da Síndrome de Gabriela, mas pra quem não sabe, Gabriela é um personagem de Jorge Amado, que virou uma novela exibida em 1975 e depois 2012, cujo tema interpretado por Maria Bethânia dizia: “Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim, Gabriela, sempre Gabriela”. E desde então é utilizada pra identificar pessoas e organizações que adotam esse mesmo discurso: “Eu sou assim mesmo. Não consigo mudar. Eu já tentei, mas não consigo. Aqui as coisas sempre foram feitas desse jeito; melhor não mexer. Em time que está ganhando não se mexe, etc”.

E a Síndrome de Gabriela acabou se tornando uma grande desculpa para a acomodação, porque se até mesmo os animais, que têm seu comportamento e características determinados pelo DNA de sua espécie, podem transformar o seu comportamento e suas atitudes, imagine o que a força de vontade, dedicação e perseverança podem fazer por você e por mim.

Todo ser humano pode tornar-se mais efetivo(a) como pai, mãe, filho, cônjuge, amigo, namorado, estudante, vendedor, esportista, gerente, diretor, presidente ou líder, desde que esteja disposto a livrar-se da Síndrome de Gabriela, e ser um pouco melhor a cada dia. É assim que as grandes transformações acontecem, um passo de cada vez, um pouco a cada dia, um processo evolutivo que exige comprometimento, disciplina, persistência e tempo para que se estabeleça.

Tem alguma coisa que você deseja muito transformar ou criar em sua vida? Quão verdadeiramente comprometido(a) você está com essa transformação? Não existe nada de errado em não querer muito alguma coisa, mas existe algo de muito incoerente em querer alguma coisa e não agir para que isso aconteça. Por isso, mais do que palavras, suas atitudes e comportamentos é que demonstrarão o seu nível de comprometimento com essa transformação. Quer falar inglês fluente? Quantas horas você estuda por dia? Quer emagrecer? Quanto você tem cuidado de sua alimentação e feito atividades físicas? Quer ser promovido? O que você tem feito pra melhorar seus comportamentos, conhecimentos, habilidades, atitudes, e a qualidade de suas entregas no dia a dia?

E se você é líder, consciente de que uma de suas principais responsabilidades é trabalhar no desenvolvimento daqueles que estão à sua volta, afaste a Síndrome de Gabriela do seu dia a dia para que tanto você quanto seus liderados possam experimentar a semente e o poder da transformação que todo ser humano carrega dentro de si.

Marco Fabossi

Não vá pelas aparências

Num reino antigo havia um príncipe, filho único do rei, que de repente enlouqueceu. Ele arrancou as suas roupas, ficou nu, pôs-se debaixo da mesa e começou a cacarejar como um galo. Ele pensava que era um galo.

O rei ficou desesperado, chamou todos os médicos, mágicos e fazedores de milagre para tentarem curar o príncipe, mas de nada adiantou.

O rei começou a aceitar o facto de que o seu filho tinha ficado louco para o resto da vida.

Entretanto um dia, um sábio chegou ao palácio e disse que podia curar o príncipe. O rei ficou muito desconfiado porque o homem parecia também um maluco, mais maluco ainda do que o príncipe.

O sábio disse: – “Somente eu posso curar o seu filho, porque só um louco maior pode curar outro louco. Os seus médicos, mágicos e fazedores de milagres falharam porque eles não conheciam a loucura”.

O rei achou o argumento lógico e como o caso parecia sem jeito, resolveu experimentar.

Assim que o sábio tirou as suas roupas, foi para debaixo da mesa com o príncipe e começou a cacarejar como um galo, o príncipe tomou posição de defesa:

– “Quem é você? O que pensa que está a fazer”?

O homem disse: – “Eu sou um galo, um galo mais experiente do que você. Tu és apenas um aprendiz de galo”.

O príncipe aceitou: – “Se você também é um galo, está bem. Mas você parece um ser humano”.

– “Não vá pelas aparências”, respondeu o sábio, “veja o meu espírito, a minha alma. Eu sou um galo tanto quanto tu és”. Os dois tornaram-se amigos.

Prometeram uma longa amizade e juraram que lutariam juntos contra o mundo.

Passaram-se uns dias.

O sábio começou a vestir-se.

O príncipe replicou: – “O que é que estás a fazer? Ficaste maluco? Um galo a usar roupas de pessoas”!

O homem respondeu: – “Estou apenas a procurar enganar aqueles tolos seres humanos. Lembre-se de que, mesmo vestido, nada mudou em mim.

Sou um galináceo e ninguém pode mudar isso. Só porque estou vestido, achas que me tornei um ser humano”?

O príncipe aceitou a explicação. Dias mais tarde o sábio persuadiu-o para que se vestisse, porque o inverno estava a chegar. Um dia, de repente, o sábio pediu comida do palácio. O jovem ficou atento e desconfiado gritando:

– “O que é que estás a fazer? Vais comer como um ser humano qualquer. Nós somos galos e comemos como galos”.

O homem respondeu calmamente: – “Tu podes comer qualquer coisa e aproveitar qualquer coisa. No que se refere ao meu galo, não faz a menor diferença. Tu podes viver como um ser humano e continuar a ser um galináceo.

Não vás pelas aparências”. Desta maneira, o sábio, aos poucos, foi persuadindo o príncipe a voltar ao mundo da realidade, até que foi considerado normal.

Bem hajam. Não vão pelas aparências.

O Eco

Indicação: O cuidado com as palavras
Um filho e um pai caminhavam por uma montanha.
De repente o filho cai, se machuca e grita: – Aiiii!
Para sua surpresa, escuta sua própria voz se repetindo, em algum lugar da montanha: – Aiiii!
Curioso, o menino pergunta: – Quem é você?
E recebe como resposta: – Quem é você?
Contrariado, grita, já nervoso: – SEU COVARDE!!!
E escuta como resposta: – SEU COVARDE!!!
O menino olha para o pai e pergunta, aflito: – O que é isso?
O pai sorri e fala: – Meu filho, preste atenção:
Então o pai grita em direção à montanha: – EU ADMIRO VOCÊ!!!
A voz responde: – EU ADMIRO VOCÊ!!!
De novo, o homem grita: – VOCÊ É UM CAMPEÃO!!!
A voz responde: – VOCÊ É UM CAMPEÃO!!!
O menino fica espantado. Não entende. E o pai serenamente, explica: – Meu filho, as pessoas chamam isso de ECO, mas na verdade, isso é a VIDA. Ela lhe dá de volta tudo o que você DIZ. Nossa vida é simplesmente reflexo de nossas ações.
Se você quer mais competência da sua equipe, desenvolva a sua própria competência. Se você quer mais compreensão, seja gentil. O mundo é somente a prova da nossa capacidade. Tanto no plano pessoal quanto no profissional, a vida vai lhe dar de volta o que você der a ela.

O Homem Sem Sorte

Indicação: Pessoas que não se contentam com o que tem
Vivia perto de uma aldeia um homem, um homem que era completamente sem sorte. Nada do que ele fazia dava certo. Muitas vezes ele plantava sementes e o vento vinha e as levava, outras vezes, era a chuva, que vinha tão violenta e carregava as sementes. Outras vezes ainda, as sementes permaneciam sob a terra, mas o sol, era tão quente, que as cozinhava. E ele se queixava com as pessoas e as pessoas escutavam suas queixas, da primeira vez com simpatia, depois com um certo desconforto e enfim quando o viam mudavam de caminho, ou entravam para dentro de suas casas fechando portas e janelas, evitando-o.
Então além de sem sorte, o homem se tornou chato e muito só. Ele começou a querer achar um culpado para o que acontecia com ele. Analisando a situação de sua família percebeu que seu pai era um homem de sorte, sua mãe, esta tinha sorte por ter se casado com seu pai, e seus irmãos eram muito bem sucedidos, pois então, se não era um caso genético, só poderia ser coisa do Criador. E depois de muito pensar resolveu tomar uma atitude e ir até o fim do mundo falar com o Criador, que como Criador de tudo, deveria ter uma resposta.
Arrumou sua malinha, algum alimento e partiu rumo ao fim do mundo. Andou um dia, um mês, um ano e um dia, e pouco antes de entrar numa grande floresta ouviu uma voz:
– Moço, me ajude. Ele então olhou para os lados procurando alguém. Até que se deparou com um lobo, magro, quase sem pelos, era pele e osso o infeliz. Dava para contar suas costelas.
Ele falou:
– Há três meses estou nesta situação. Não sei o que está acontecendo comigo. Não tenho forças para me levantar daqui.
O homem refeito do susto respondeu:
– Você está se queixando a toa… Eu tive azar a vida inteira. O que são três meses? Mas faça como eu. Procure uma resposta. Eu estou indo procurar o Criador para resolver o meu problema.
– Se eu não tenho forças nem para ir ao rio beber água… Faça este favor para mim. Você está indo vê-lo, pergunte o que está acontecendo comigo. O homem fez um sinal de insatisfação e disse que estava muito preocupado com seu problema, mas se lembrasse, perguntaria. Virando as costas, continuou seu caminho.
Andou um dia, um mês, um ano e um dia e de repente, ao tropeçar numa raiz, ouviu:
– Moço, cuidado. E quando olhou, viu uma folhinha que vinha caindo, caindo; Olhando para cima, viu a árvore com apenas duas folhinhas.
Levantou-se e observando suas raízes desenterradas, seus galhos retorcidos, sua casca soltando-se do tronco, falou:
– Você não se envergonha? Olhe as outras árvores a sua volta e diga se você pode ser chamada de árvore? Conserte sua postura.
A árvore, com uma voz de muita dor, disse:
– Não sei o que está acontecendo comigo. Estou me sentindo tão doente. Há seis meses que minhas folhas estão caindo, e agora, como vês, só restam duas… E, no fim de uma conversa, pediu ao homem que procurasse uma solução com o Criador.
Contrariado, o homem virou as costas com mais uma incumbência. Andou um dia, um mês, um ano e um dia e chegou a um vale muito florido, com flores de todas as cores e perfumes. Mas o homem não reparou nisto. Chegou até uma casa e na frente da casa estava uma moça muito bonita que o convidou a entrar.
Eles conversaram longamente e quando o homem deu por si já era madrugada. Ele se levantou dizendo que não podia perder tempo e quando já estava saindo ela lhe pediu um favor:
– Você que vai procurar o Criador, podia perguntar uma coisa para mim? É que de vez em quando sinto um vazio no peito, que não tem motivo, nem explicação. Gostaria de saber o que é e o que posso fazer por isto.
O homem prometeu que perguntaria e virou as costas e andou um dia, um mês, um ano e um dia e chegou por fim ao fim do mundo. Sentou-se e ficou esperando até que ouviu uma voz. E uma voz no fim do mundo, só podia ser a voz do criador…
– Tenho muitos nomes. Chamam-me também de Criador…
E o homem contou então toda a sua triste vida. Conversou longamente com a voz até que se levantou e virando as costas foi saindo, quando a voz lhe perguntou:
– Você não está se esquecendo de nada? Não ficou de saber respostas para uma árvore, para um lobo e para uma jovem?
– Tem razão… E voltou-se para ouvir o que tinha que ser dito.
Depois de um tempinho virou-se e correu… mais rápido que o vento até que chegou na casa da jovem. Como ela estava em frente à casa, vendo-o passar chamou:
– Ei!!! Você conseguiu encontrar o Criador? Teve as respostas que queria?
– Sim!!! Claro! O Criador disse que minha sorte está há muito no mundo. Basta ficar alerta para perceber a hora de apanhá-la!
– E quanto a mim, você teve a chance de fazer a minha pergunta?
– Ah! O Criador disse que o que você sente é solidão. Assim que encontrar um companheiro vai ser completamente feliz, e mais feliz ainda vai ser o seu companheiro.
A jovem então abriu um sorriso e perguntou ao homem se ele queria ser este companheiro.
– Claro que não… Já trouxe a sua resposta… Não posso ficar aqui perdendo tempo com você. Não foi para ficar aqui que fiz toda esta jornada. Adeus!!!
Virando as costas, correu mais rápido do que a água, até a floresta onde estava a árvore. Ele nem se lembrava dela.
Mas quando novamente tropeçou em sua raiz, viu caindo uma última folhinha. Ela perguntou se ele tinha uma resposta, ao que o homem respondeu:
– Tenho muita pressa e vou ser breve, pois estou indo em busca de minha sorte, e ela está no mundo.
O Criador disse que você tem embaixo de suas raízes uma caixa de ferro cheia de moedas de ouro. O ferro desta caixa está corroendo suas raízes. Se você cavar e tirar este tesouro daí vai terminar todo o seu sofrimento e você vai poder virar uma árvore saudável novamente.
– Por favor!!! Faça isto por mim!!! Você pode ficar com o tesouro. Ele não serve para mim. Eu só quero de novo minha força e energia. O homem deu um pulo e falou indignado:
– Você está me achando com cara de quê? Já trouxe a resposta para você. Agora resolva o seu problema. O Criador falou que minha sorte está no mundo e eu não posso perder tempo aqui conversando com você, muito menos sujando minhas mãos na terra.
Virando as costas correu, mais rápido do que a luz, atravessou a floresta, e chegou onde estava o lobo, mais magro ainda e mais fraco.
O homem se dirigiu a ele apressadamente e disse:
– O Criador mandou lhe falar que você não está doente. O que você tem é fome. Está a morrer de inanição, e como não tem forças mais para sair e caçar, vai morrer aí mesmo. A não ser, que passe por aqui uma criatura bastante estúpida, e você consiga comê-la.
Nesse momento, os olhos do lobo se encheram de um brilho estranho, e reunindo o restante de suas forças, o lobo deu um pulo e comeu o homem “sem sorte”.

O Milagre do Xixi

Indicação: Pessoas que não se contentam com o que tem
Num lugarejo distante, onde o sol ainda brilhava nas manhãs de primavera, por entre bosques floridos e montanhas preguiçosas, dois vizinhos, na peleja da vida, viviam experiências bastante diferentes com suas criações de porcos: um era bem sucedido, ficara rico e prosperava cada dia mais; já o outro, mais simples, nada estava bem, as dívidas se acumulavam e o negócio ia de mal a pior.
Certa tarde, o vizinho pobre resolveu ter uma prosa com o outro, tencionando descobrir a razão de seu sucesso.
Na varanda da casa, uma boa dose de pinga, conversa jogada fora, pito de palha no canto da boca, noite se aproximando… Não teve jeito. Incomodado com tanta estória de vendas de porcos e dos lucros, o vizinho pobre não se conteve e lascou a pergunta:
— Uai cumpadre, eu num consigo cumpreendê cumé que ocê consegue ganhá tanto dinheiro com a criação de porco. Tudo que ocê tem eu tenho. Tudo que ocê faiz eu faço. Qual é o segredo? É arguma ração nova que foi desenvolvida? Afinal, eu compro e dou a mesma ração. Eu não cumpreendo.
O vizinho rico lascou uma cusparada pelo chão a fora, mudou o pito para o canto esquerdo da boca, acendeu a binga e pôs-se a soltar longas baforadas, enquanto matutava a resposta. Sem titubear, deu dois resmungos, pigarreou um bocado e foi falando:
— Sabe compadre, eu não dou trato especial, não acrescento nada na ração. É verdade que tudo que faço você também faz. Do mesmo jeito que crio, você também cria. Mas, tem uma diferença, e você não faz isso. Todo dia eu vou duas vezes nas pocilgas, atravesso todas elas, vou até uns cinquenta metros depois da última e bem perto da tronqueira eu dou uma mijadinha. Depois volto lentamente. Se o compadre quiser melhorar precisa também fazer isso.
O vizinho pobre, sem nada entender, matutou consigo mesmo alguns pensamentos soltos e devolveu uma pergunta:
— Mas cumpadre, ocê deve de tá brincando comigo. Ocê só pode tá mangano de mim! Então ocê acha que só uma mijada vai fazê meus porco tudo engordá? Isso é arguma mandinga? Ocê faz arguma reza brava enquanto mija?
—Não compadre. Nada disso . — Interveio o vizinho rico. —Na verdade não tem reza e nem nada de mais. Mas siga o meu conselho e você verá que depois de três meses o resultado aparecerá. Eu não tenho como convencê-lo agora, mas acredite, vai funcionar.
O vizinho pobre, muito desconfiado, mas sem jeito de questionar ainda mais o amigo, largou mão de muita indagação e mudou o rumo da prosa até que o vento frio da noite soprou logo um convite para a retirada.
O tempo foi passando e o vizinho pobre, mesmo desconfiado, seguiu ao pé da risca as recomendações do amigo. Todos os dias atravessa a pé a propriedade, passava pelas pocilgas e junto à estaca da porteira, derramava todo o xixi que conseguia. Tinha dia que até forçava, mas uma gota que seja, lá ele deixava. Voltava contando os passos, imerso em pensamentos de infância e vez por outra, era tomado de sobressalto pelas muitas preocupações com as dívidas. Mas o tempo foi passando.
Já em meados do segundo mês pôde perceber que as coisas estavam melhorando. A engorda já era melhor, o dinheiro já aparecia mais a miúdo e as coisas começavam a tomar jeito. Foi tomado pelo entusiasmo e jamais se esquecia do xixi ao pé da estaca.
No terceiro mês, tal como o vizinho falara, a diferença era enorme: porcos gordos, vendas excelentes, dinheiro em caixa, dívidas pagas e sorriso escancarado nos lábios.
Estava tudo tão bem que não se conteve e foi ter mais uma prosa com o vizinho para agradecê-lo e tentar entender que mágica era aquela. Chegou mansinho, bateu palmas, tirou o mote de palhas do bolso da calça, pegou o rolo de fumo, canivete pronto e danou a cortar o fumo. Nisso o vizinho chega e o convida a se aproximar e se sentar na varanda. A prosa foi animada, até que a certa altura, lascou a baita dúvida que tinha para o vizinho resolver:
—Óia cumpradre, eu fiz o que ocê mandô fazê. Cumpri direitinho tudo o que ocê me ensinô. Todo o dia eu fui lá na tal estaca e dei aquela mijada. Mais eu tô encafifado aqui na minha cachola, eu ainda num consegui intendê nada. Que diabo de mágica é essa que ocê fez pra mim ? Que benzição danada é essa que ocê me arrumô?
O vizinho pôs-se a rir o bom riso. Puxou uma grande baforada do pito e sem resmungos foi falando:
—Sabe compadre, como eu já lhe disse, não existe nenhum segredo, mágica ou milagre. Eu vou lhe explicar direitinho. Olha, toda vez que você ia fazer o seu xixi na estaca, você tinha que atravessar toda sua propriedade não é verdade? Aí está o segredo. Como você não tinha hora certa para fazer o xixi, seus empregados não sabiam em que momento você estaria por ali, contudo, sabiam que você iria de qualquer maneira. O que aconteceu? Todos eles se puseram a trabalhar arduamente, a cuidar direitinho dos porcos, a melhorar o trato, a cumprir os horários, tudo porque sabiam que a qualquer momento você estaria por ali e eles imaginaram que estaria observando tudo isso. Daí a melhora. Compreende agora o que aconteceu meu compadre? Aí está o milagre: a sua presença constante, mesmo sem saber que era isso o que importava.

A lição da tartaruga

Indicação: Pessoas Grosseiras
Eu percebia que meu comportamento aborrecia muito os meus pais, porém pouco me importava com isso. Desde que obtivesse o que queria, dava-me por satisfeito. Mas, é claro, se eu importunava e agredia as pessoas, estas passavam a tratar-me de igual maneira.
Cresci um pouco e um dia percebi que a situação era desconfortante. Preocupei-me, mas não sabia como me modificar.
O aprendizado aconteceu num domingo em que fui, com meus pais e meus irmãos, passar o dia no campo. Corremos e brincamos muito até que, para descansar um pouco, dirigi-me à margem do riacho que corria entre um pequeno bosque e os campos. Ali encontrei uma coisa que parecia uma pedra capaz de andar. Era uma tartaruga. Examinei-a com cuidado e quando me aproximei mais, o estranho animal encolheu-se e fechou-se dentro de sua casca. Foi o que bastou. Imediatamente decidi que ela devia sair para fora e, tomando um pedaço de galho, comecei a cutucar os orifícios que haviam na carapaça. Mas os meus esforços resultavam vãos e eu estava ficando, como sempre, impaciente e irritado.
Foi quando meu pai se aproximou de mim. Olhou por um instante o que eu estava fazendo e, em seguida, pondo-se de cócoras junto a mim, disse calmamente: “Meu filho, você está perdendo o seu tempo. Não vai conseguir nada, mesmo que fique um mês cutucando a tartaruga. Não é assim que se faz. Venha comigo e traga o bichinho.”
Acompanhei-o. Ele se deteve perto da fogueira acesa e me disse: “Coloque a tartaruga aqui, não muito perto do fogo. Escolha um lugar morno e agradável.”
Eu obedeci. Dentro de alguns minutos, sob a ação do leve calor, a tartaruga colocou a cabeça de fora e caminhou tranquilamente em minha direção. Fiquei muito satisfeito e meu pai tornou a se dirigir a mim, observando:
“Filho, as pessoas podem ser comparadas às tartarugas. Ao lidar com elas, procure nunca empregar a força. O calor de um coração generoso pode, às vezes, levá-las a fazer exatamente o que queremos, sem que se aborreçam conosco e até, pelo contrário, com satisfação e espontaneidade.”
(autor desconhecido)