Indicação: A falta de Diálogo
Era uma vez um homem e uma mulher que tinham acabado de se casar. Ainda vestidos com seus trajes nupciais se acomodaram em seu novo lar mal o último convidado partiu.
– Querido – disse a jovem senhora, – vá fechar a porta que dá para a rua. Ficou aberta.
– Fechar a porta? Eu? – falou o noivo. – Um noivo em seus trajes esplêndidos, com um manto de valor inestimável e uma adaga cravejada de pedras? Como alguém poderia esperar que eu fizesse uma coisa dessas? Você deve estar fora do juízo. Vá você mesma fechá-la.
– Ah, é? – gritou a noiva. – Você pensa que sou sua escrava? Uma mulher bonita e gentil como eu, que usa um vestido da mais fina seda? Você acha que eu me levantaria no dia do meu casamento para fechar a porta que dá para uma via pública? Impossível!
Ficaram em silêncio por um minuto ou dois, e a mulher sugeriu que poderiam solucionar o problema com uma aposta. Combinaram que o primeiro que falasse fecharia a porta.
Havia dois sofás na sala, e a dupla se sentou, frente a frente, olhando-se em silêncio.
Ficaram assim durante duas ou três horas. Enquanto isso um bando de ladrões passou por ali e viram que a porta estava aberta. Esgueiraram-se para dentro da casa silenciosa, que parecia deserta, e começaram a recolher todos os objetos que pudessem carregar, fosse qual fosse o seu valor.
O casal de noivos ouviu entrar, mas um achava que era o outro quem devia cuidar do assunto. Nenhum dos dois falou, nem se mexeu, enquanto os ladrões iam de um quarto a outro, até que finalmente chegaram à sala e não perceberam, de inicio, a sombria e estática dupla.
O casal no entanto continuava sentado, enquanto os ladrões carregavam todos os valores e enrolavam os tapetes sob os pés dos esposos. Confundindo o idiota e a sua obstinada esposa com manequins de cera, despojaram-nos de suas jóias.
Mesmo assim a dupla continuava muda.
Os ladrões se foram. A noiva e o noivo continuaram sentados a noite toda, e nenhum deles desistiu. Ao amanhecer um policial em sua ronda viu a porta aberta e entrou. Indo de um aposento ao outro, chegou finalmente ao casal e perguntou-lhes o que tinha acontecido. Nem o homem nem a mulher se dignaram a responder.
O policial pediu reforços, Muito defensores da lei chegaram, e todos foram ficando cada vez mais furiosos diante do silencio total, que lhes parecia, obviamente, uma afronta calculada.
O oficial encarregado perdeu finalmente o controle e ordenou a um de seus homens:
– Dê um tabefe ou dois nesse homem para que recupere a razão.
Diante disso a mulher não conseguiu conter-se:
-Por favor, senhores guardas – choramingou, – não batam nele. É meu marido!
– Ganhei! – gritou imediatamente o imbecil. – Você vai fechar a porta!
Transcrito do Livro: Histórias da Tradição Sufi – Edições Dervish
O Bem Mais Precioso
Folclore do Leste Europeu Indicação: Quando o amor supera as dificuldades
Há muitos e muitos anos atrás, um rapaz e uma moça se apaixonaram e resolveram se casar. Quase não tinham dinheiro, mas não ligavam para isso. A confiança mútua gerava a fé num belo futuro desde que tivessem um ao outro. Assim, marcaram a data para se unir em corpo e alma.
Antes do casamento, a moça fez um pedido ao noivo:
– Não posso nem imaginar que um dia a gente possa se separar. Mas pode ser que com o tempo a gente se canse um do outro, ou que você se aborreça e me mande de volta a meus pais. Prometa que, se algum dia isso acontecer, me deixará levar comigo o bem mais precioso que eu tiver então.
O noivo riu, achando uma bobagem o que ela dizia, mas a moça não ficou satisfeita enquanto ele não fez a promessa por escrito e devidamente assinada.
Casaram-se
Decididos a melhorar de vida, trabalharam arduamente e foram recompensados.
Cada novo sucesso os fazia mais determinados a sair da pobreza, e trabalhavam ainda mais. O tempo passou o casal prosperou.
Conquistaram uma situação estável, cada vez mais confortável, e finalmente ficaram ricos. Mudaram-se para uma ampla casa, fizeram novos amigos e se cercaram dos prazeres da riqueza.
Mas, dedicados em tempo integrl à prosperidade financeira, aprenderam a pensar mais nas coisas do que um no outro. Discutiam sobre o que comprar quando gastar, como aumentar o patrimônio.
Certo dia, enquanto preparavam uma festa para amigos importantes, discutiam sobre uma bobagem qualquer – o sabor do molho, os lugares à mesa, ou coisas assim. Começaram a levantar a voz, a gritar, e chegaram às inevitáveis acusações.
– Você não liga pra mim! – gritou o marido. – Só pensa em você, em roupas e jóias. Pegue o que achar mais precioso, como te prometi, e volte para a casa dos seus pais. Não há mais motivos para continuarmos juntos.
A mulher empalideceu e encarou-o com um olhar magoado, como se acabasse de descobrir uma coisa insuspeitada.
– Muito bem – disse ela baixinho -, quero mesmo ir embora. Mas devemos ficar juntos esta noite e receber nossos amigos, para salvar as aparências.
A noite chegou. Começou a festa, com todo luxo e fatura que a riqueza permitia.
Alta madrugada, os convidados se retiram e o marido adormeceu. Ela então fez com que o levassem à casa dos pais dela e o pusessem na cama. Quando ele acordou na manhã seguinte, não entendeu o que tinha acontecido. Não sabia onde estava e, quando sentou-se na cama para olhar em volta, a mulher acercou-se da cama.
– Querido marido – disse ela -, você prometeu que se algum dia me mandasse embora eu poderia levar o bem mais precioso que tivesse no momento. Você é o que tenho de mais precioso. Quero você mais do que tudo na vida, e só a morte poderá nos separar.
Nesse momento, ele viu o quanto ambos tinham sido egoístas. Tomou a esposa em seus braços e beijaram-se ternamente. No mesmo dia voltaram para a casa, mais apaixonados do que nunca.
Transcrito do Livro das Virtudes II – O compasso Moral – de William J. Bennett.
A Tira Do Avental
Laura Richards Indicação: As aparências enganam
Era uma vez um menino que brincava pela casa toda, ao lado da mãe; como ele era muito pequeno, seus pais resolveram amarrá-lo à tira do avental da mãe. Eles lhe disseram: agora, quando você tropeçar, pode se segurar na tira do avental e se equilibrar; assim você não cai.
O menino obedeceu e ficou tudo bem; e a mãe trabalhava cantando.
O tempo foi passando e o menino cresceu tanto que já ultrapassava o batente da janela. Olhando pra fora, ele via de longe as verdes árvores acenando, o rio que fluía cintilado ao sol e, acima de tudo isso, os picos azuis das montanhas.
– Ah, mamãe – dizia ele, desamarre a tira do avental e me deixe sair!
Porém a mãe dizia:
– Ainda não, meu filho! Ontem, mesmo você tropeçou e teria caído se não fosse a tira do avental. Espere mais um pouquinho até ficar mais forte.
Então o menino esperou e tido ficou como antes; e a mãe trabalhava cantando.
Mas, um dia, o menino encontrou a porta da casa aberta; era primavera, e o tempo estava bom. Ficou de pé no batente, olhando o vale; viu as árvores verdes acenando, o rio correndo ligeiro, com o sol refletindo nas águas, e as montanhas azuis se erguendo mais além. E, desta vez ouviu a voz do rio chamando:
– Venha!
O menino deu um impulso à frente a tira do avental arrebentou
– Oh, como a tira do avental da mamãe é fraquinha! _ exclamou o menino, correndo pelo mundo a fora, com o resto da tira pendendo de lado.
A mãe puxou a outra ponta da tira, prendeu-a contra o peito e continuou a trabalhar.
O menino correu, correu, radiante com a liberdade, o ar fresco e o sol da manhã.
Atravessou o vale e começou a subir a montanha, onde o rio passava ligeiro entre as pedras e barrancos. Bem era fácil subir a montanha; às vezes ficava escarpado e íngreme, mas ele sempre olhava para cima, para os picos azuis mais além. A voz do rio estava sempre em seus ouvidos:
– Venha!
Acabou chegando à beira de um precipício, onde o rio caía numa catarata, espumando e cintilando, formando nuvens de gotículas prateadas. A nuvem lhe enchia os olhos, ele não conseguia ver claramente o chão. Ficou tonto, tropeçou e caiu. Mas na queda, alguma coisa o prendeu na ponta de pedra na beira do precipício. Ficou pendurado,
balançando sobre o abismo. Quando procurou com as mãos o que o prendia, viu que era a tira do avental.
– Oh como a tira do avental da mamãe é forte! – exclamou o menino.
Segurou-se nela e subiu, ficou firmemente de pé, e continuou subindo em direção aos picos azuis da montanha.
Transcrito do Livro das Virtudes II – O compasso Moral – de William J. Bennett.
A Flauta Mágica
Indicação: Pessoas Controladoras
Era uma vez um caçador que contratou um feiticeiro para ajudá-lo a conseguir alguma coisa que pudesse facilitar seu trabalho nas caçadas. Depois de alguns dias, o feiticeiro entregou-lhe uma flauta mágica que, ao ser tocada, enfeitiçava os animais, fazendo-os dançar.
Entusiasmado com o instrumento, o caçador organizou uma caravana com destino à África, convidando dois outros amigos. Logo no primeiro dia de caçada, o grupo se deparou com um feroz tigre. De imediato, o caçador pôs-se a tocar a flauta e, milagrosamente, o tigre começou a dançar. Foi fuzilado à queima roupa.
Horas depois, um sobressalto. A caravana foi atacada por um leopardo que saltava de uma árvore. Ao som da flauta, contudo, o animal transformou-se: de agressivo, ficou manso e dançou. Os caçadores não hesitaram: mataram-no com vários tiros.
E foi assim até o final do dia, quando o grupo encontrou um leão faminto. A flauta soou, mas o leão não dançou, mas atacou um dos amigos do caçador flautista, devorando-o. Logo depois, devorou o segundo. O tocador de flauta, desesperadamente, fazia soar as notas musicais, mas sem resultado algum. O leão não dançava. E enquanto tocava e tocava, o caçador foi devorado. Dois macacos, em cima de uma árvore próxima, a tudo assistiam. Um deles observou com sabedoria:
– Eu sabia que eles iam se dar mal quando encontrassem um surdinho…
Não confie cegamente nos métodos que sempre deram certo, pois um dia podem não dar. Tenha sempre planos de contingência, prepare alternativas para as situações imprevistas, analise as possibilidades de erro. Esteja atento às mudanças e não espere as dificuldades para agir.
Cuidado com o leão surdo.
O RIO E O OCEANO
Indicação: Pessoas Medrosas (Pânico)
Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano ele treme de medo.
Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre.
Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar.
Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente.
O rio precisa se arriscar e entrar no oceano.
E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece.
Porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se oceano.
Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.
Lição do Fogo
Indicação: Trabalho em equipe / participação de grupos
Um membro de um determinado grupo, ao qual prestava serviços regularmente, sem nenhum aviso deixou de participar de suas atividades.
Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria.
O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante da lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor.
Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas ao líder, conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto, esperando.
O líder acomodou-se confortavelmente no local indicado, mas não disse nada.
No silêncio sério que se formara, apenas contemplava a dança das chamas em torno das achas de lenha, que ardiam.
Ao cabo de alguns minutos, o líder examinou as brasas que se formaram e cuidadosamente selecionou uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a para o lado.
Voltou então a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel. O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado e quieto.
Aos poucos a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou-se de vez.
Em pouco tempo o que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de carvão recoberto de uma espessa camada de fuligem acinzentada.
Nenhuma palavra tinha sido dita desde o protocolar cumprimento inicial entre os dois amigos.
O líder, antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil, colocando-o de volta no meio do fogo.
Quase que imediatamente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor dos carvões ardentes em torno dele.
Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse:
– Obrigado. Por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou voltando ao convívio do grupo. Deus te abençoe!
E seu pedaço de carvão está como???…
Telefone Amigo
Telefone Amigo Indicação: Luto
Quando eu era criança, meu pai comprou um dos primeiros telefones da vizinhança. Lembro-me bem daquele velho aparelho preto, em forma de caixa, bem polido, afixado à parede. O receptor brilhante pendia ao lado da caixa. Eu ainda era muito pequeno para alcançar o telefone, mas costumava ouvir e ver minha mãe enquanto ela o usava, e ficava fascinado com a cena!
Então, descobri que em algum lugar dentro daquele maravilhoso aparelho existia uma pessoa maravilhosa – o nome dela era “informação, por favor” e não havia coisa alguma que ela não soubesse. “Informação, por favor” poderia fornecer o número de qualquer pessoa e até a hora certa.
Minha primeira experiência pessoal com esse “gênio da lâmpada” aconteceu num dia em que minha mãe foi na casa de um vizinho. Divertindo-me bastante mexendo nas coisas da caixa de ferramentas no porão, machuquei meu polegar com um martelo.
A dor foi horrível, mas não parecia haver qualquer razão para chorar, porque eu estava sozinho em casa e não tinha ninguém para me consolar. Eu comecei a andar pelo porão, chupando meu dedão que pulsava de dor, chegando finalmente à escada e subindo-a.
Então, lembrei-me: o telefone! Rapidamente peguei uma cadeira na sala de visitas e usei-a para alcançar o telefone. Desenganchei o receptor, segurei-o próximo ao ouvido como via minha mãe fazer e disse:
-“Informação, por favor!”, com o bocal na altura de minha cabeça.
Alguns segundos depois, uma voz suave e bem clara falou ao meu ouvido:
-“Informação.”
Então, choramingando, eu disse:
-“Eu machuquei o meu dedo…”
Agora que eu tinha plateia: as lágrimas começaram a rolar sobre o meu rosto.
-“Sua mãe não está em casa?”, veio a pergunta.
-“Ninguém está em casa a não ser eu”, falei chorando.
-“Você está sangrando?” Ela perguntou.
-“Não.” Eu respondi. “Eu machuquei o meu dedão com o martelo e está doendo muito!”
Então a voz suave, do outro lado falou:
-“Você pode ir até a geladeira?”
– Eu disse que sim.
Ela continuou, com muita calma:
-“Então, pegue uma pedra de gelo e fique segurando firme sobre o dedo.”
E a coisa funcionou! Depois do ocorrido, eu chamava “Informação, por favor” para qualquer coisa. Pedia ajuda nas tarefas de geografia da escola e ela me dizia onde Filadélfia se localizava no mapa. Ajudava-me nas tarefas de matemática. Ela me orientou sobre qual tipo de comida eu poderia dar ao filhote de esquilo que peguei no parque para criar como bichinho de estimação.
Houve também o dia em que Petey, nosso canário de estimação, morreu. Eu chamei “Informação, por favor” e contei-lhe a triste estória. Ela ouviu atentamente, então falou-me palavras de conforto que os adultos costumam dizer para consolar uma criança.
Mas eu estava inconsolável naquele dia e perguntei-lhe:
-“Por que é que os passarinhos cantam de maneira tão bela, dão tanta alegria com sua beleza para tantas famílias e terminam suas vidas como um monte de penas numa gaiola?”
Ela deve ter sentido minha profunda tristeza e preocupação pelo fato de haver dito calmamente:
-“Paul, lembre-se sempre de que existem outros mundos onde se pode cantar!” Não sei porquê, mas me senti bem melhor.
Numa outra ocasião, eu estava ao telefone: – “Informação, por favor”.
– “Informação,” disse a já familiar e suave voz.
-“Como se soletra a palavra consertar?” Perguntei.
Tudo isso aconteceu numa pequena cidade da costa oeste dos Estados Unidos. Quando eu estava com nove anos, nos mudamos para Boston, na costa leste. Eu senti muitas saudades de minha voz amiga!
-“Informação, por favor” pertencia àquela caixa de madeira preta afixada na parede de nossa outra casa; e eu nunca pensei em tentar a mesma experiência com o novo telefone diferente que ficava sobre a mesa, na sala de nossa nova casa. Mesmo já na adolescência, as lembranças daquelas conversas de infância com aquela suave e atenciosa voz nunca saíram de minha cabeça.
Com certa frequência, em momentos de dúvidas e perplexidade, eu me lembrava daquele sentimento sereno de segurança que me era transmitido pela voz amiga que gastou tanto tempo com um simples menininho.
Alguns anos mais tarde, quando eu viajava para a costa oeste a fim de iniciar meus estudos universitários, o avião pousou em Seattle, região onde eu morava quando
criança, para que eu pegasse um outro e seguisse viagem. Eu tinha cerca de meia hora até que o outro avião decolasse. Passei então uns 15 minutos ao telefone, conversando com minha irmã que na época estava morando lá. Então, sem pensar no que estava exatamente fazendo, eu disquei para a telefonista e disse:
-“Informação, por favor”.
De um modo milagroso, eu ouvi a suave e clara voz que eu tão bem conhecia!
-“Informação.”
Eu não havia planejado isso, mas ouvi a mim mesmo dizendo: “Você poderia me dizer como se soletra a palavra consertar?”
Houve uma longa pausa. Então ouvi a tão suave e atenciosa voz responder:
-“Espero que seu dedo já esteja bem sarado agora!”
Eu ri satisfeito e disse:
-“Então, ainda é realmente você? Eu fico pensando se você tem a mínima idéia do quanto você significou para mim durante todo aquele tempo de minha infância!”
Ela disse:
-“E eu fico imaginando se você sabe o quanto foram importantes para mim as suas ligações!”
E continuou:
-“Eu nunca tive filhos e ficava aguardando ansiosamente por suas ligações.”
Então, eu disse para ela que muito freqüentemente eu pensava nela durante todos esses anos e perguntei-lhe se poderia telefonar para ela novamente quando eu fosse visitar minha irmã. “Por favor, telefone sim! É só chamar por Sally”.
Três meses depois voltei a Seattle. Uma voz diferente atendeu:
-“Informação”.
Eu perguntei por Sally.
-“Você é um amigo?” Ela perguntou.
-“Sim, um velho amigo”. Respondi.
Ela disse:
-“Sinto muito em dizer-lhe isto, mas Sally esteve trabalhando só meio período nos últimos anos porque estava adoentada. Ela morreu há um mês.”
Antes que eu desligasse ela disse:
-“Espere um pouco. Seu nome é Paul?”
-“Sim” Respondi.
-“Bem, Sally deixou uma mensagem para você. Ela deixou escrita caso você ligasse. Deixe-me ler para você.”
A mensagem dizia:
-“Diga para ele que eu ainda continuo dizendo que existem outros mundos onde podemos cantar. Ele vai entender o que eu quero dizer”.
Eu agradeci emocionado e muito tristemente desliguei o telefone. Sim, eu sabia muito bem o que Sally queria dizer.
O Cavalo
Indicação: Superação de problemas
Um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades, possuía alguns cavalos para ajudar nos trabalhos em sua pequena fazenda.
Um dia, seu capataz veio trazer a notícia de que um dos cavalos havia caído num velho poço abandonado.
O poço era muito profundo e seria extremamente difícil tirar o cavalo de lá. O fazendeiro foi rapidamente até o local do acidente, avaliou a situação, certificando-se que o animal não se havia machucado.
Mas, pela dificuldade e alto custo para retirá-lo do fundo do poço, achou que não valia a pena investir na operação de resgate.
Tomou, então, a difícil decisão: determinou ao capataz que sacrificasse o animal jogando terra no poço até enterrá-lo, ali mesmo.
E assim foi feito: os empregados, comandados pelo capataz, começaram a lançar terra para dentro do buraco de forma a cobrir o cavalo.
Mas, à medida que a terra caía em seu dorso, os animal a sacudia e ela ia se acumulando no fundo, possibilitando ao cavalo ir subindo.
Logo os homens perceberam que o cavalo não se deixava enterrar, mas, ao contrário, estava subindo à medida que a terra enchia o poço, até que, finalmente, conseguiu sair.
O Feiticeiro
Indicação: Estimular a percepção dos próprios erros
Um feiticeiro africano conduz seu aprendiz pela floresta. Embora mais velho, caminha com agilidade, enquanto seu aprendiz escorrega e cai a todo instante. O aprendiz blasfema, levanta-se, cospe no chão traiçoeiro, e continua a acompanhar seu mestre.
Depois de longa caminhada, chegam a um lugar sagrado. Sem parar, o feiticeiro dá meia volta e começa a viagem de volta.
– Você não me ensinou nada hoje — diz o aprendiz, levando mais um tombo.
– Ensinei sim, mas você parece que não aprende – responde o feiticeiro.
– Estou tentando lhe ensinar como se lida com os erros da vida.
– E como lidar com eles?
– Como deveria lidar com seus tombos — responde o feiticeiro.
– Em vez de ficar amaldiçoando o lugar onde caiu, devia procurar aquilo que te fez escorregar.
Os Três Reis
Indicação: Estimular a superação de problemas e dificuldades
Numa determinada floresta havia 3 leões. Um dia, o macaco representante eleito dos animais súditos, fez uma reunião com toda a bicharada da floresta e disse:
– Nós, os animais, sabemos que o leão é o rei dos animais, mas há uma dúvida no ar – existem 3 leões fortes. Ora, a qual deles nós devemos prestar homenagem? Quem, dentre eles, deverá ser o nosso rei?
Os 3 leões souberam da reunião e comentaram entre si:
– É verdade, a preocupação da bicharada faz sentido, uma floresta não pode ter 3 reis. Precisamos saber qual de nós será o escolhido. Mas como descobrir.
Essa era a grande questão. Lutar entre si eles não queriam, pois eram muito amigos. O impasse estava formado. De novo, todos os animais se reuniram para discutir uma solução para o caso.
Depois de usarem técnicas de reuniões do tipo brainstorming, etc. eles tiveram uma idéia excelente. O macaco se encontrou com os 3 felinos e contou o que eles decidiram:
– Bem, senhores leões, encontramos uma solução desafiadora para o problema. A solução está na Montanha Difícil.
– Montanha Difícil? Como assim?
– É simples, ponderou o macaco. Decidimos que vocês 3 deverão escalar a Montanha Difícil. O que atingir o pico primeiro será consagrado o rei dos reis.
A Montanha Difícil era a mais alta entre todas naquela imensa floresta. O desafio foi aceito.
No dia combinado, milhares de animais cercaram a Montanha para assistir a grande escalada. O primeiro tentou. Não conseguiu. Foi derrotado. O segundo tentou. Não conseguiu. Foi derrotado. O terceiro tentou. Não conseguiu. Foi derrotado. Os animais estavam curiosos e impacientes, afinal, qual deles seria o rei, uma vez que os três foram derrotados?
Foi nesse momento que uma águia sábia, idosa na idade e grande em sabedoria, pediu a palavra:
– Eu sei quem deve ser o rei!!!
Todos os animais fizeram um silêncio de grande expectativa.
– A senhora sabe, mas como? Todos gritaram para a Águia.
– É simples, confessou a sábia águia, eu estava voando entre eles, bem de perto e, quando eles voltaram fracassados para o vale, eu escutei o que cada um deles disse para a montanha.
O primeiro leão disse: Montanha, você me venceu!
O segundo leão disse: Montanha, você me venceu!
O terceiro leão também disse: Montanha, você me venceu, por enquanto!
Mas você, montanha, já atingiu seu tamanho final, e eu ainda estou crescendo.
– A diferença, completou a águia, é que o terceiro leão teve uma atitude de vencedor diante da derrota, e quem pensa assim é maior que seu problema é rei de si mesmo, está preparado para ser rei dos outros.
Os animais da floresta aplaudiram entusiasticamente ao terceiro leão que foi coroado rei entre os reis.
Moral da história:
Não importa o tamanho de seus problemas ou dificuldades que você tenha; seus problemas, pelo menos na maioria das vezes, já atingiram o clímax, já estão no nível máximo – mas você não. Você ainda não chegou ao limite de seu potencial e performance. A montanha das dificuldades tem tamanho fixo, limitado.