A Tira Do Avental

Laura Richards Indicação: As aparências enganam
Era uma vez um menino que brincava pela casa toda, ao lado da mãe; como ele era muito pequeno, seus pais resolveram amarrá-lo à tira do avental da mãe. Eles lhe disseram: agora, quando você tropeçar, pode se segurar na tira do avental e se equilibrar; assim você não cai.
O menino obedeceu e ficou tudo bem; e a mãe trabalhava cantando.
O tempo foi passando e o menino cresceu tanto que já ultrapassava o batente da janela. Olhando pra fora, ele via de longe as verdes árvores acenando, o rio que fluía cintilado ao sol e, acima de tudo isso, os picos azuis das montanhas.
– Ah, mamãe – dizia ele, desamarre a tira do avental e me deixe sair!
Porém a mãe dizia:
– Ainda não, meu filho! Ontem, mesmo você tropeçou e teria caído se não fosse a tira do avental. Espere mais um pouquinho até ficar mais forte.
Então o menino esperou e tido ficou como antes; e a mãe trabalhava cantando.
Mas, um dia, o menino encontrou a porta da casa aberta; era primavera, e o tempo estava bom. Ficou de pé no batente, olhando o vale; viu as árvores verdes acenando, o rio correndo ligeiro, com o sol refletindo nas águas, e as montanhas azuis se erguendo mais além. E, desta vez ouviu a voz do rio chamando:
– Venha!
O menino deu um impulso à frente a tira do avental arrebentou
– Oh, como a tira do avental da mamãe é fraquinha! _ exclamou o menino, correndo pelo mundo a fora, com o resto da tira pendendo de lado.
A mãe puxou a outra ponta da tira, prendeu-a contra o peito e continuou a trabalhar.
O menino correu, correu, radiante com a liberdade, o ar fresco e o sol da manhã.
Atravessou o vale e começou a subir a montanha, onde o rio passava ligeiro entre as pedras e barrancos. Bem era fácil subir a montanha; às vezes ficava escarpado e íngreme, mas ele sempre olhava para cima, para os picos azuis mais além. A voz do rio estava sempre em seus ouvidos:
– Venha!
Acabou chegando à beira de um precipício, onde o rio caía numa catarata, espumando e cintilando, formando nuvens de gotículas prateadas. A nuvem lhe enchia os olhos, ele não conseguia ver claramente o chão. Ficou tonto, tropeçou e caiu. Mas na queda, alguma coisa o prendeu na ponta de pedra na beira do precipício. Ficou pendurado,
balançando sobre o abismo. Quando procurou com as mãos o que o prendia, viu que era a tira do avental.
– Oh como a tira do avental da mamãe é forte! – exclamou o menino.
Segurou-se nela e subiu, ficou firmemente de pé, e continuou subindo em direção aos picos azuis da montanha.
Transcrito do Livro das Virtudes II – O compasso Moral – de William J. Bennett.

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